Se o Campeonato Paranaense de 2007 enfrentou diversos problemas com a justiça desportiva antes mesmo de começar, o de 2008 está batendo um recorde mundial de incompetência: sete meses antes de seu início, a competição já está sendo questionada no "tapetão".
Para quem não lembra, no ano passado uma pendenga entre Toledo e Engenheiro Beltrão para assumir a vaga do desistente União Bandeirante na primeira divisão foi parar nos tribunais e quase atrasou o início do campeonato. A FPF insistia em convidar o Toledo, que havia sido rebaixado no ano anterior, enquanto o STDJ entendeu que o Beltrão, quarto colocado na divisão de acesso em 2006, teria direito à vaga (para relembrar o caso, clique aqui). Com isso, a Federação divulgou uma nova tabela a apenas 12 dias da primeira rodada. Mas não foi só: antes de terminar a primeira fase, uma verdadeira guerra nos tribunais voltou a ameaçar a competição. Teve de tudo: desde vitória por WO a time que disputou duas partidas em menos de 48 horas. Uma lambança em cima da outra.
Já para 2008, o problema deu-se devido a mudanças no regulamento da competição que não poderiam ter sido feitas. Amparados no Estatuto do Torcedor, Atlético e Engenheiro Beltrão protocolaram no Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) um mandado de segurança contra o arbitral que definiu a fórmula de disputa do Paranaense.
O arbitral realizado no dia 29 de maio decidiu pela alteração do sistema de disputa empregado neste ano, mas o Estatuto do Torcedor proíbe a mudança do regulamento da competição antes de dois anos de vigência do mesmo, a menos que haja a aprovação para tanto no ano anterior do Conselho Nacional do Esporte - o que não aconteceu. Em vez de repetir o sistema utilizado neste ano (mais longo, em quatro fases), foi estabelecido que o regional do ano que vem seria disputado em apenas duas etapas, a primeira com todos jogando entre si em turno único e a segunda com os oito melhores classificados também em turno único.
Segundo disse o presidente do Engenheiro Beltrão, Luiz Linhares, à Gazeta do Povo, a nova rixa no tapetão não foi iniciada por falta de aviso. “Alertei sobre o problema do Estatuto no arbitral, mas fui ignorado”, disse o dirigente, que foi voto vencido na reunião. Já o Atlético não participou do arbitral. De acordo com Linhares, outros clubes que divergiram da maioria foram contatados, mas no final apenas o Engenheiro e o Atlético toparam levar o caso aos tribunais.
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Depois os clubes não sabem porque as redes de TV oferecem ninharias pela transmissão do "excepcional" Campeonato Paranaense. E ainda jogam a culpa sobre as emissoras. Se alguém tem culpa, são os próprios clubes e a FPF. Primeiro, por criar campeonatos mirabolantes que pouco atraem a atenção do público. Segundo, por aceitar as migalhas oferecidas pela mídia, ano após ano. Quem abre as pernas uma vez, vai abrir sempre. Então, que se contentem com as migalhas.
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