segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Quem se habilita?

Reportagem da gazeta do Povo deste domingo sobre a sucessão na Federação Paranaense de Futebol:
Procura-se um novo inquilino

Sandro Gabardo
A renovação da Federação Paranaense de Futebol (FPF) – e do próprio esporte no estado – vem sendo amplamente defendida por todos que têm ligação com o mundo da bola. Encontrar alguém disposto a assumir a responsabilidade é que não está sendo fácil. Para a eleição do dia 30 de abril, considerada a grande oportunidade para reformular a desgastada entidade, que ficou 22 anos nas mãos de Onaireves Moura, sobram discussões sobre o que deve ser feito, mas faltam candidatos à presidência.

Apenas o atual mandatário da FPF, Hélio Cury, levado à função pela Justiça, após a prisão de Moura no fim do ano passado, confirmou que irá concorrer. Nomes de possíveis rivais até foram levantados; todos permanecem, ainda, no campo da hipótese. As campanhas estão esquentando. Na sexta-feira, dois grupos distintos se reuniram para definir novos “associados”, estratégias de atuação e debater futuras composições das chapa.
Pouco antes disso, no início da semana, o trono da FPF já havia voltado ao centro das atenções por motivo bem mais imediato. Aristides Mossambani, um dos vices afastados com toda a diretoria de Moura, entrou com um pedido de mandado de segurança para voltar ao cargo. Recebeu resposta negativa da Justiça.
Assim, Cury garantiu que dará as cartas até abril. Só que isso, para ele, é só o começo.
“Pegar o problema que eu peguei, uma Federação em crise, amenizar os estragos e já sair não me passa pela cabeça. Quero trabalhar um projeto com mais tempo”, revelou o atual comandante do futebol paranaense. “Desde que assumi, estou em campanha. Não abro mão da candidatura”, complementou.
Essa sede pela permanência é o principal entrave para se alcançar um consenso. Evitar um bate-chapa é a esperança de figuras do esporte no estado para evitar um desgaste eleitoral e reforçar uma união ainda não vista em torno do renascimento da entidade e do fortalecimento do futebol no Paraná.
O embate nas urnas, então, surge inevitável. Além da atual administração, pelo menos outras três frentes se mobilizam para o pleito. Ex-dirigente da FPF, Almir Zanchi é um provável concorrente à vaga de presidente. Outro grupo em formação tem como principais destaques Osni Pacheco, ex-dirigente de Coritiba e Atlético, e Ricardo Gomyde, presidente da Paraná Esportes. Por fim, outra turma já une forças para chegar à disputa com o apoio de clubes e ligas, profissionais e amadores.
Entre os colaboradores dessa “associação” estão o presidente do Conselho Deliberativo do Atlético Mário Celso Petraglia, o jornalista Alphonse Voigt, o advogado Domingos Moro e o ex-presidente do Londrina Peter Silva. Além dos dois últimos, as opções já estudadas para encabeçar a chapa seriam ainda o chefe da Casa Civil Rafael Iatauro – o favorito, aliás – e o diretor de esportes da prefeitura de Curitiba, Alceu Menta, o Caxias.
Todos os envolvidos têm discurso semelhante. A necessidade de renovação total da entidade; a busca de um presidente com bom relacionamento com clubes (profissionais e amadores), governos das três esferas e CBF; além de compartilharem da idéia de que o envolvimento com Moura é prejudicial, e não vantajoso, aos candidatos.
Como os objetivos dos blocos são, ao menos na teoria, iguais, é possível que eles passem por reformulações. Não estão descartadas fusões ou trocas de lado até a eleição. O esperado, porém pouco provável, consenso também não pode ser descartado.
“É possível que se chegue em um consenso por volta de 15 dias antes da votação, quando cada um souber de suas condições. Antes disso, todos têm chance de ganhar e não vão querer desistir antecipadamente”, analisou Osni Pacheco.
A renovação não é só um desejo, mas uma necessidade. “Levantar a bandeira do Moura, hoje, é negativo”, opinou Paulo César Silva, ex-dirigente da FPF ao lado de Moura e hoje observador de arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Paraná.
Há, ainda, quem tenha o “pé atrás” com relação ao fim da Era Moura. Como o advogado Domingos Moro. “A administração anterior tem força, são muitos anos. Ficam comprometimentos dos mais variados. O próprio presidente dizia que só saía quando quisesse. Certamente, ele apostava no relacionamento com o Colégio Eleitoral.”
Atualmente, o homem a ser batido no pleito da Federação é Hélio Cury. O presidente sabe que pode largar em vantagem nas urnas. “Se o trabalho for bom e tiver reconhecimento, é possível”, finalizou.


Osni, Moro, Zanchi, Iatauro ... Por ora, apenas possíveis candidatos
Dentre os possíveis candidatos já citados para a disputa por votos contra Hélio Cury, apenas um pode ser considerado consolidado. Almir Zanchi tem a intenção de se concorrer à presidência. Afirmou que sofre pressão para entrar na corrida eleitoral, que tem apoio de um grupo de comunicação e que já falou até com Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para “pedir conselhos” – e, claro, ganhar um aliado de peso. Mesmo assim, adota o estilo escorregadio. “Nesse momento, não sou candidato”.
Contra ele, pesam os sete anos ao lado de Onaireves Moura na Federação, mesmo não tendo sido ligado a nenhuma irregularidade. “Isso não quer dizer nada. Praticamente todos no futebol são ex-funcionários dele (Moura)”, defende-se.
A alegação encontra eco nas palavras de Paulo César Silva, observador de arbitragem da CBF, que tem conversado com outro grupo, o de Mário Celso Petraglia. “Foram 22 anos de Moura na FPF. Quem militou no futebol nesses anos tem de ter passado pela gestão dele”, falou.
“O Zanchi não teve qualquer comprometimento com os problemas encontrados na Federação, mas esteve muito tempo junto com o antigo presidente. A cartilha, a filosofia, é a mesma”, opinou Domingos Moro, possível candidato da ala de Petraglia. “Eu estou à disposição, se houver interesse os clubes”, falou.
Para ele, defensor de se buscar “ao máximo o consenso”, mais importante do que os nomes, são os planos para reformular a FPF.
Três outros nomes aparecem nos esboços desse grupo. Peter Silva seria um deles. O presidente do Londrina admite que vem conversando com outras personalidades da área há 90 dias e que tem “experiência e conhecimento” para os desafios na entidade. Já o chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, cuja grande vantagem é a possibilidade de aproximar o governo estadual do futebol, não foi encontrado para falar do assunto. A assessoria dele, no entanto, lembrou que, no fim do ano passado, ele já havia negado interesse no trono da FPF. Alceu Menta foi outro lembrado.
Segundo Alphonse Voigt, apresentador do programa Esporte Show, do Canal 21, o mote do grupo é apoio político ao futuro gestor. “O Hélio Cury tem méritos por se insurgir sozinho contra o Moura. Mas, nós vemos o caso como de interesse público e que exige envolvimento político para dar conta de tudo que precisa ser feito por lá”, contou.

Para encontrar um nome de consenso, eles precisam driblar problemas de afinidade clubística e partidária.
Ausente do futebol nos últimos anos – sua última aparição foi em 2004, quando ficou 30 dias na FPF –, Osni Pacheco não esconde a vontade de concorrer ao cargo. E o dirigente campeão em 1985 pelo Coritiba vem ganhando força nos bastidores. Só não assumiu a candidatura, ainda, por alegar pouco tempo livre – se divide hoje entre a Cotrans, sua empresa de aluguel de carros, e o filho Matheus, de seis anos.
A seu lado está Ricardo Gomyde, presidente da Paraná Esporte. Esbanjando confiança. “O lado em que estiver o Osni vai ganhar a eleição”, disse, tendo como motivação “refundar a Federação, para que ela ajude a desenvolver o futebol no estado”. Osni também tem um título pelo Atlético, o Paranaense de 1988. (SG)

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