quarta-feira, 11 de abril de 2007

Falou e disse

A coluna de Augusto Mafuz na edição de hoje da Tribuna do Paraná está espetacular.

Confira:

Ingenuidade

Augusto Mafuz [11/04/2007]

Certa vez, assistindo a uma palestra de Roberto Romano, professor de ética e de filosofia política da Unicamp, aprendi que a prudência, desprezada em tempos felizes, adquire força vital.

Acabamos de saber que o governador Roberto Requião mandou uma carta para a CBF indicando o Pinheirão como o estádio para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014, se Curitiba for escolhida como uma das sedes.

Não conheço o governador. Não sei se após 40 anos como profissional da política, tem ainda repentes de ingenuidade. Quem o conhece desde jovem é capaz de garantir que ingênuo nunca foi.

Melhor partir desse princípio para não se cometer uma injustiça ao analisar o ato de assinatura da carta que indicou o Pinheirão para receber jogos da Copa do Mundo de 2014, se Curitiba for indicada como sede.

Por trás da manifestação formal de Requião deve existir uma outra intenção. Teimo em acreditar que não conheça a impossibilidade jurídica, técnica e financeira para construir um novo estádio no Tarumã.

Jurídica, porque qualquer alteração implicará em fraude a execução, pois está penhorado por dívidas do IPTU e de INSS, e fraude aos mais diversos credores da FPF, cujo valor das dívidas batem nos R$ 15 milhões.

Técnica, porque nenhuma engenharia séria irá conseguir vencer o lençol freático, que não resiste a um chuvisco.

E financeira, porque nenhum investidor irá colocar R$ 100 milhões em uma obra que tem que enfrentar todos esses impedimentos jurídicos e técnicos, que na prática são intransponíveis.

Ao mandar a carta, Requião o fez consciente de que as entidades responsáveis pela Copa do Mundo (Fifa e CBF) não iriam aprovar a indicação, como não irão. Então resolveu um problema e encaminhou a solução do outro. O primeiro, atendeu um pedido do seu amigo Ricardo Gomyde, que quer ganhar prestígio no Coritiba para derrubar Giovani Gionédis antes do final do ano; e o segundo, transferiu para a Fifa e CBF a responsabilidade de dizer não para o Pinheirão. Para quem não sabe, Gomyde, entre os coxas, tem a imagem de um jovem irresponsável. Dentro do seu clube não é levado a sério.

Basta a CBF responder que não aceita o Pinheirão e condicionar a escolha de outro estádio para indicar Curitiba como sede, que restarão dois caminhos ao governador: ou indica um outro, ou manda riscar Curitiba do mapa.

Conluio

A simulação de construir o novo Pinheirão para benefício do Coritiba foi de Moura. Uniu-se a Gomyde, que se aproximou de Giovani Gionédis, a quem acusou de desvios éticos na eleição do Coritiba. E Requião avalizou diretamente Giovani, de quem ainda fala misérias do seu tempo da “Fazenda”.

Giovani, Gomyde, Moura e Requião. Seria uma única família?

Giovani é quem vai sair queimado. Publicamente anunciou o sucateamento do Estádio Couto Pereira, o maior orgulho dos coxas.

Se não ganhar no campo, Gomyde sairá como herói. Requião vai rir e Moura continuará por aí, fazendo as suas traquinagens.

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