terça-feira, 23 de outubro de 2007

LA Sports pagava propina a Miranda

Esse escândalo estourou na semana passada, pouco antes da minha volta. Mas precisa ficar registrado aqui. Veio à tona em reportagem da Gazeta do Povo:
Empresários deram dinheiro a Miranda
Pagamento era para cobrir contas "não catalogadas" no clube
por MARCIO REINECKEN
O presidente afastado do Paraná, José Carlos de Miranda, admitiu ontem, à Gazeta do Povo, que recebeu dinheiro de empresários para realizar negócios “não catalogados” no clube. Esse dinheiro não passava pelo caixa paranista, indo parar direto na conta bancária particular do dirigente. A verba teria sido utilizada em gastos com sua campanha de reeleição, para pagar bicho aos jogadores e até “gorjetas que não podem ser contabilizadas”.
“Há uma série de contas que você paga e não tem como comprovar em um clube como o Paraná”, disse o dirigente.A reportagem teve acesso a documentos e vídeos que estariam sendo utilizados para comprovar que Miranda teria utilizado o clube em benefício próprio. Um cheque nominal, no valor de cerca de R$ 16 mil, microfilmado por empresários que fizeram negócios com o time da Vila, mais dois comprovantes de depósitos na conta do dirigente, no valor de R$ 15 mil e R$ 5 mil, respectivamente.
A reportagem também assistiu a dois vídeos. Em um deles, Miranda recebe um cheque dos mesmos empresários – que pediram sigilo pelas informações. No segundo, apenas uma conversa entre as partes. Nos dois casos, contudo, o som estava inaudível. “Os empresários (que deram os cheques) são da L. A. Sports. Eram parceiros. Todas as contas (de transações) passavam pelo financeiro do clube. Esse é um negócio que eu tinha, com essas ajudas e outras coisas aí de bichos que prometiam, etc. Coisa particular minha. Vou me defender na Justiça, não tem nada a ver com o clube”, afirma Miranda, que se diz vítima de chantagem.
O dirigente disse ontem, em entrevista à rádio Banda B, estar no meio de um fogo cruzado entre empresários. Se referia a Léo Rabelo e LA Sports, que brigam para definir o destino do meia Thiago Neves, atualmente no Fluminense, mas com pré-contrato assinado com o Palmeiras e vínculo com o Paraná.Teria sido por tomar conhecimento desta documentação que dirigentes do Tricolor pediram o afastamento de Miranda. A versão não é confirmada por ambas as partes. O dirigente diz que se afastou por problemas médicos. O Conselho afirma que desconhece as provas. O presidente em exercício, Aurival Correia, também.
O depósito de dinheiro na conta de dirigentes não é o caminho natural de receitas oficiais no Tricolor. O Paraná recebe sempre em cheque administrativo nominal ao clube, para evitar que dinheiro depositado nas contas bancárias da associação seja confiscado pela Justiça, para pagamento de dívidas trabalhistas.“Ele (o dinheiro) fica guardado no nosso cofre e vamos gastando de acordo com a necessidade”, afirma Correia.
Antes de ser levado ao topo do organograma do clube, Aurival era vice de finanças. Questionado se seria normal Miranda utilizar a conta pessoal para alguma transação oficial, respondeu: “Aí não”.

De volta à ativa

Olá amigos! Peço desculpas por ter ficado tanto tempo sem atualizar nosso blog. Eu estava numa viagem ao exterior para fazer um curso de especialização. Mas já estou de volta ao pedaço!
E, quando cheguei, quase caí de susto ao ler as notícias do período. Quanta novidade. E o professor Miranda, hein? Queria ser presidente da FPF. Que decepção!
Bom, vamos em frente.
O JOGA LIMPO está de volta!

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Joel Malucelli quer consenso para assumir FPF

Em entrevista a uma rádio de Curitiba, o empresário e presidente do J. Malucelli, Joel Malucelli, admite a intenção de presidir a FPF, pede apoio de todos os clubes e até do afastado Onaireves Moura, diz que a indicação da Arena da Baixada para sediar a Copa de 2014 foi acertada e detona o projeto de Giovani Gionédis de levar o Coritiba para um "novo" Pinheirão. Confira a matéria publicada na Tribuna do Paraná desta segunda-feira:

Malucelli quer apoio de Moura pra concorrer à presidência da FPF
Joel Malucelli abriu o jogo. O empresário admitiu a intenção de presidir a Federação Paranaense de Futebol (FPF), mas frustou quem espera uma nova mentalidade na administração do esporte no Estado. Joel quer o apoio do ex-presidente Onaireves Moura, afastado pela Justiça Desportiva, e diz ser indispensável a participação da atual diretoria em um novo mandato.
Em entrevista à Rádio Paraná, após o jogo entre J. Malucelli e Rio Branco, na tarde de ontem, Joel avisou: é candidato a assumir a entidade a partir de abril de 2008, mas não quer bate-chapa. Só aceita ser conduzido ao cargo por um consenso entre os filiados. “Não é meu projeto de vida presidir a FPF, mas se me chamarem, vou ajudar. Se todos se unirem, estarei lá. Mas se for para fazer um futebol rachado, estou fora”, afirmou.
A união pretendida por Joel inclui Onaireves Moura, controvertido cartola que dirigiu a FPF por 22 anos e foi recentemente suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Moura pegou um gancho de 6 anos, por sonegação fiscal e desvio de verbal, e cedeu seu lugar ao vice Aluízio Ferreira, que vai conduzir a entidade até o fim do atual mandato. “Penso em ter o apoio do Moura, sim. Queira ou não, ele fez uma administração boa. Acho que é indispensável que ele e todos que dirigem a FPF, atualmente, estejam juntos para participar”, admitiu Joel.
O empresário também defendeu a manutenção da atual estrutura política da entidade, que iguala clubes profissionais e amadores. “Pobres e ricos têm de ter o mesmo peso. O esporte é o mesmo”, justifica.
As ligas amadoras são apontadas pelos críticos de Moura como seus “currais eleitorais”. Dirigentes de clubes denunciam, inclusive, a existência de ligas “fantasmas”, criadas apenas para dar sustentação eleitoral ao antigo dirigente.
Copa na Baixada
Ex-presidente do Coritiba, Joel criticou os planos do atual mandatário alviverde. Giovani Gionédis quer construir um novo estádio para o Coxa, no local onde hoje está o Pinheirão, principal patrimônio da FPF. “Eu não sei o que faria com o Pinheirão, mas acho que o que o Coritiba está querendo não é justo. O clube já tem seu estádio e essa história de fazer um mais moderno é balela. Ninguém vai investir em um projeto caro. Nossa economia não permite isso”, acredita.
Joel também elogiou a indicação da Arena da Baixada como palco da Copa do Mundo de 2014, considerada por ele a melhor alternativa para que Curitiba seja confirmada como uma das sedes. “O estádio do Atlético é sem dúvida o mais habilitado. Temos que admitir isso e trabalhar juntos para trazer a Copa para cá”, concluiu.
* * *
Joel Malucelli é um dos poucos nomes em condições de assumir e moralizar a FPF. E está certo em pedir consenso entre os clubes em torno de um nome único. Só erra ao querer Moura ao seu lado. É melhor deixar Onaireves de fora se quiser ter o apoio pretendido.

terça-feira, 10 de julho de 2007

O "Itamar Franco" paranaense

Esta saiu na Gazeta do Povo de hoje:

Presidente-tampão tem cargo oficializado

Aluísio Ferreira está mantido no cargo de presidente da Federação Paranaense de Futebol. O “Itamar Franco” do futebol do estado teve o mandato tampão oficializado ontem, após uma reunião com a diretoria da FPF – ainda ligada à gestão Onaireves Moura.

Ferreira foi escolhido pelos demais vice-presidentes (Adroaldo Araújo, Aristides Mossambani, Jorge Dib Sobrinho e Lino Rodrigues) para ficar no poder até abril de 2008, quando venceria mais um mandato de Moura, que comandou a Federação por 22 anos. “Quero agradecer aos companheiros pela confiança”, disse o mandatário-tampão, prometendo logo de cara informatizar a entidade: “Temos de modernizar. Os problemas do Moura começaram ali (na falta de informatização), como por exemplo no caso do Rio Branco”.

Ele se referiu à eliminação do Leão na Copa do Brasil em função de uma falha no departamento de registros da FPF. O novo presidente também prometeu sindicâncias para apurar erros nos departamentos.

A auditoria na FPF ficou em segundo plano. Ferreira disse que considera necessário apurar os desvios de conduta na entidade, mas por ora... “Estamos sem recursos financeiros”, admitiu, logo emendando: “Isso não pode deixar de ser feito, para que todos saibam o que acontece aqui dentro. Ele não quis falar em sucessão. Disse que a preocupação maior é sanear a Federação e reabrir o Pinheirão. E afirmou que quer romper os laços com Onaireves Moura. Ao menos em partes. “Administrativamente sim. Agora, pessoalmente, não. Não tenho como negar que sou amigo dele”, disse. O presidente confirmou que mantém contatos com Moura. “Eu tenho conversado com ele. É rotineiro, mas de acordo com a necessidade”, disse, explicando: “Por exemplo, o contrato do Estadual com a TV, os rombos financeiros...”.

A comparação com Itamar Franco tirou risadas de Aluísio Ferreira. Ele assume após denuncias de corrupção, como o ex-presidente, vice de Fernando Collor. Mas não havia pensado nas similaridades. “Eu não havia pensado assim ainda, até porque qualquer um dos vices podia assumir”, disse. E logo confessou: para quem tem como maior experiência, o comando da Liga Amadora de Ponta Grossa assumir a principal cadeira no futebol do Paraná foi um susto. “Essa ascensão foi surpresa. Como o Itamar, vice é vice. E o Jô Soares dizia: 'você já viu alguma rua com nome de vice?'”, questionou, na esperança de fazer história no comando da FPF.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Futebol paranaense de novo enrolado no tapetão

Saiu na Tribuna do Paraná de hoje:

Tapetão "rebaixa" Real e faz Foz entrar pra elite
Demorou, mas o tapetão voltou a mudar o destino da Divisão de Acesso paranaense. Acatando uma queixa antiga do Toledo, a 1.ª Comissão Disciplinar do Tribunal de Justiça Desportiva puniu ontem o Real Brasil com a perda de seis pontos pela utilização irregular de um jogador. O grande beneficiado é o Auritânia Foz do Iguaçu, novo integrante da elite - pelo menos até o julgamento do recurso.
De acordo com a denúncia, o Real Brasil usou o jogador Rodrigo Guedes da Silva antes que o nome dele fosse publicado no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF. A comissão disciplinar concordou e condenou o time do empresário Aurélio Almeida à perda de seis pontos no quadrangular final da Segundona, como determina o artigo 214 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Com a punição, o Real cai da 2.ª para a 4.ª e última colocação na fase decisiva. Já o Foz sobe do 3.º para 2.º posto, garantindo um lugar na Série Ouro de 2008 e na atual edição da Copa Paraná. O Real ainda poderá recorrer da decisão no pleno do TJD-PR, e depois no STJD, no Rio de Janeiro.
O caso poderá prejudicar a continuidade da Copa Paraná, cuja segunda rodada termina neste final de semana. O Foz tentará entrar no torneio, enquanto o Real Brasil dependerá de um efeito suspensivo para continuar na disputa. Se o resultado do julgamento de ontem for mantido, a partida de estréia do Real (derrota de 1 a 0 para o Iraty) deverá ser desconsiderada. A Federação Paranaense de Futebol - FPF define hoje se cancela ou não jogo entre Real Brasil x Portuguesa Londrinense, marcado para domingo, em Ponta Grossa.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Falemos um pouco de Pan

Este blog foi criado para falar do futebol paranaense. Porém, já que estamos às vésperas dos Jogos Pan-Americanos, pedimos licença aos poucos - mas assíduos - leitores deste blog para abrir a discussão também sobre esta competição.
Por isso, publicamos aqui um artigo do jornalista Juca Kfouri publicado originalmente no Correio Caros Amigos. Leitura recomendadíssima:
Estamos às portas do Pan
por Juca Kfouri
Do Pan dos desatinos, do orçamento estourado quatro vezes.
Porque, segundo as autoridades, o Rio foi preparado para muito mais, para ser sede da Olimpíadas.Mesmo que não se tenha saneado a baía da Guanabara, a lagoa Rodrigo de Freitas, não se tenha ampliado o metrô nem o transporte de barcas, nada, embora tudo tenha sido prometido. A chance de o Rio ser sede de uma Olimpíada nos próximos 20 anos é zero.
Mas estamos às portas do Pan. Relaxe e goze, pois, como diria o..., como diria a... Afinal, o estupro foi mesmo inevitável. E a gente gostamos de esporte.
Ainda bem que teremos um maravilhoso torneio de futebol no Engenhão, com a Seleção Brasileira...sub-17.
Felizmente os norte-americanos vêm com seu quinto time de basquete, se tanto, e os argentinos, campeões olímpicos, com o terceiro, se tanto. Porque o nosso time de basquete também será o segundo, se tanto, já que nenhum dos nossos que jogam na NBA virão.
A vontade que dá é a de seguir no caminho da ironia. Mas não dá. Porque o que dá é raiva. Raiva da chance que o Brasil desperdiça ao não fazer do Pan uma oportunidade de inclusão social por meio do esporte. Raiva de ver essa cartolagem que nos assola nadar de braçada no dinheiro público e mentir sem pudor.
Houve até quem dissesse (o ministro do Esporte, Orlando Silva) que o planeta estará de olhos voltados para o Rio. Mas na Europa nem se sabe o que é o Pan. E nem mesmo em países como Estados Unidos ou Argentina, que dele participam, a competição desperta qualquer interesse. Quem dirá na Ásia, na África, na Oceania!
O Pan era para ser evento nosso, muito nosso, para estimular essa gente bronzeada a entender o valor da prática esportiva. Uma competição para cidades como Salvador, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Floripa, Porto Alegre, talvez, Brasília. Jamais para o Rio ou São Paulo.
Vamos viver dias, isto sim, de hipocrisia explícita. A TV aberta, sócia do Pan e, portanto, absolutamente acrítica em relação aos seus milhões de pecados, exaltará o ouro dos tolos e criará uma expectativa que tornará os Jogos Olímpicos de Pequim, no ano que vem, palco de grande frustração nacional. Porque os resultados que aqui acontecerão, com raras exceções, se houver, não significarão rigorosamente nada em relação às marcas mundiais.
O Pan, enfim, é um evento menor. Maior torna-se o escândalo do dinheiro nele investido. E as CPIs, tanto municipal, quanto estadual e federal, inevitáveis. Mas devolver o dinheiro do povo que é bom, nem pensar.
Estamos às portas do Pan.
Não é para amá-lo nem deixá-lo, que não somos disso. Mas deveremos cobrá-lo. Até o fim.

O fim da FPFTV

Matéria de hoje na Tribuna do Paraná:
FPFTV está fora do ar
Carlos Simon
Mergulhada em dívidas e com as fontes de renda prejudicadas, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) prepara-se para uma era de austeridade financeira, em contraste com o “luxo” esbanjado até então. A primeira vítima do corte de gastos simboliza bem a mudança administrativa em relação à gestão anterior: a FPFTV, menina dos olhos do ex-presidente Onaireves Moura.
Dos sete jornalistas que compunham a equipe, cinco foram dispensados esta semana. Por enquanto, a FPFTV abandona as transmissões ao vivo e produzirá apenas programas de estúdio. Um choque drástico para o projeto que havia se tornado a nova obsessão de Moura - salários de funcionários chegaram a atrasar para o custeio das transmissões. “A FPFTV era deficitária. Com menos gente dá para tocar, porque é um bom negócio”, falou o presidente em exercício da FPF, Aluizio Ferreira, que não descarta reativar as transmissões via internet, desde que haja possibilidade de receita.
A última partida que seria exibida pela web-emissora - Real Brasil x Iraty, pela Copa Paraná - não foi à rede por problemas técnicos.
Inaugurada durante a Divisão de Acesso de 2006, a FPFTV chegou a transmitir quatro jogos por rodada no Estadual-2007 - o que exigia grande estrutura humana material. Mas os anunciantes não eram de grande porte e o número de pacotes vendidos foi mínimo.
A aposta em projetos insustentáveis financeiramente foi uma das marcas da administração Moura - sua maior obra, o Pinheirão, é o exemplo típico. As dívidas se acumularam e hoje a Federação, inadimplente com a Prefeitura, o INSS, a Receita Federal e outros órgãos, tem as receitas penhoradas judicialmente. Erro que o sucessor temporário não pretende repetir. “É preciso tomar algumas posições”, afirma Aluizio, que, além dos profissionais da FPFTV, autorizou a demissão de uma funcionária do TJD, que era bancada pela Federação. Parte da estrutura da FPFTV será redirecionada para o projeto de informatização da Federação.
Aluizio garantiu ainda que a assembléia entre os cinco vice-presidentes, que escolherão um deles para comandar a Federação até abril de 2008, acontece até a metade da próxima semana.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

A fuga


Charge de Tiago Rechia, hoje, na Gazeta do Povo.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Mais um rolo na FPF?

Matéria publicada hoje na Tribuna do Paraná:

Mais bronca na Federação Paranaense de Futebol

Onaireves Moura já está fora, mas nem por isso a Federação Paranaense de Futebol terá vida fácil na capital administrativa do futebol brasileiro. O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva - STJD, Paulo Schmitt, diz ter indícios de que a Federação montou um documento irregular para o julgamento de quarta-feira.

Trata-se de uma resolução de diretoria assinada em 8 de maio de 2007, que definia a distribuição de verbas dos jogos de competições nacionais, entre a FPF e a Comfiar. “A assinatura é posterior à apresentação da denúncia. Além disso, a matéria é de competência exclusiva da CBF. É um fato grave e que merece ser apurado”, falou o procurador, um dos principais críticos de Moura. Schmitt também sugeriu que o cargo de presidente da FPF seja declarado vago, já que a suspensão imposta a Moura (seis anos) é superior ao tempo restante para o final de mandato (dez meses).

O Estatuto da FPF, porém, não trata do assunto especificamente. O artigo 39 diz apenas que vagando o cargo de presidente, um dos cinco vices será eleito entre eles para assumir a direção até o final do mandato. Em qualquer momento, os vices podem convocar uma assembléia extraordinária com todos os filiados, para antecipar as eleições.

A CBF também estuda a possibilidade de determinar uma intervenção na FPF, mas deverá aguardar alguns dias pela definição da sucessão. Esta hipótese poderá ser “guardada” para o caso de Moura conseguir voltar ao cargo através da Justiça Comum.

O difícil agora é achar um nome de consenso

Coluna de Augusto Mafuz, hoje, na Tribuna:

Sobrevivente

O melhor para Onaireves Rolim de Moura é sair de cena.

O processo no STJD pode até ter sido iniciado por uma razão política, pois era inédito a Justiça Desportiva investigar o comportamento de dirigentes de uma federação.

Mas a decisão que o afastou, não o foi, passando bem longe do caráter político. Foi rigorosamente jurídica, baseada em provas de que a administração foi desviada para fins ilícitos. Nada que surpreenda, mesmo inédita, em razão de que o STJD tem no comando Rubens Aprobato Machado, que antes de ser exaltado como jurista, deve ser recomendado como uma pessoa de bem.

O STJD fez o seu papel: de bandeja entregou a cabeça e a alma de Moura, rompendo a rede que manipulou interesses durante 22 anos.

E o que o futebol paranaense fará?

Não encontro nenhuma referência que sirva, pelo menos, como um princípio para a solução. É que qualquer posição que interesse ao Atlético, não interessa ao Coritiba e ao Paraná, como se o alcance do bem não fosse um interesse comum. Se houvesse uma associação de interesses, era a grande oportunidade do futebol paranaense inovar.

O futebol profissional seria desvinculado do futebol amador como ocorreu com a CBF, que foi o braço mais importante tirado da Confederação Brasileira de Desportos, a extinta CBD.

O consórcio de interesses neste momento seria mais relevante do que o nome do futuro presidente. Quando se tem um objetivo comum, a escolha de quem exercerá a representação se torna mais fácil. Tomem como exemplo a Federação Paulista de Futebol. Os clubes cansados de Farah escolheram por unanimidade Marco Polo Del Nero. O resultado está aí: vendem o campeonato paulista para a televisão por setenta milhões de reais. No próximo ano, serão 100 milhões.

O mais grave é que a desunião não é provocada pela rivalidade, mas por incursões pessoais. Giovani ignora Miranda, que acha Petraglia prepotente. Forma-se uma espiral de excessos: vaidade, orgulho e disputa pelo poder.

O único nome de consenso é o de Joel Malucelli.

Foi presidente do Coritiba, tem relação com o Atlético, ajuda o Paraná e é neutro em matéria desportiva em razão do J. Malucelli. Se não houver uma renúncia aos interesses individuais, não será surpresa se a cabeça de Moura pular da bandeja e sair correndo de volta ao Tarumã.

Não se pode desprezar o passado. Moura sempre sobreviveu.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Imprensa começa a especular nomes de candidatos para a FPF

Com Onaireves Moura afastado do futebol por seis anos, a imprensa começa a especular os nomes de seu substituto na Federação Paranaense de Futebol. Na verdade, a situação da entidade é a seguinte:
  • O presidente em exercício, Aluízio José Ferreira, deve terminar seu "mandato-tampão" de 60 dias - ou seja, mais um mês no cargo.
  • Depois disso, segundo o estatuto da FPF, os vice-presidentes devem se reunir e eleger, dentre eles próprios, um novo presidente para ficar no cargo até o final do mandato, em abril de 2008.
  • Isso se não houver uma intervenção por parte da CBF, como já chegou a ser veiculado na imprensa. Assim, a confederação indicaria algum nome de confiança para terminar o mandato e botar ordem na casa.
  • Somente em fevereiro do ano que vem é que ocorrem as eleições na FPF. E é para este pleito que começam a aparecer os candidatos.
Os nomes
Segundo a Tribuna do Paraná desta quinta, aparecem como nomes fortes os presidentes do Paraná Clube, José Carlos de Miranda, e do J. Malucelli, Joel Malucelli. “Por que não? Há 30 anos a federação é presidida por atleticanos. Está na hora de um paranista. Recebi uma série de pedidos para entrar na disputa”, falou Miranda ao jornal. Já Joel, segundo o jornal, tem bom trânsito nos três grandes clubes da capital e é considerado administrador de competência.
A Tribuna lembra ainda que a sucessão ainda pode ter o dedo da CBF, que deseja um dirigente isento para conduzir a candidatura paranaense à Copa de 2014. Assim, ganha força o nome do presidente do Londrina, Peter Silva, alinhado com Ricardo Teixeira.
O jornal ainda aposta que o governo do Estado pode entrar no jogo e avalizar um nome - o atual presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde, já foi cogitado para o cargo, embora não tenha declarado oficialmente a intenção de ocupá-lo. Mas, ao que parece, esta hipótese está descartada: o governador Roberto Requião não está nem aí para o que se passa na FPF.
O advogado Lourival Barão, auditor do TJD, seria outro pré-candidato. E Domingos Moro corre por fora.
Ainda segundo a Coluna do Boluca de ontem, também na Tribuna, o presdidente do Coritiba, Giovani Gionédis, também estaria interessado em concorrer ao cargo. Gionédis foi aliado de Onaireves no intuito de indicar o Pinheirão como sede da Copa 2014, além de já ter dito que pretende fazer do estádio a nova "casa" do Coritiba.
***
Por enquanto são somente especulações, mas os nomes de Peter Silva, Joel Malucelli e Domingos Moro são os melhores, sem dúvida. Peter porque, além de ter o respaldo da CBF, vem do interior e não teria problema com nenhum clube da capital. Já Joel Malucelli, apesar de ter sido presidente do Coritiba, é um empresário de sucesso que já mostrou ser um ótimo administrador, tanto em suas empresas quanto no clube de futebol que fundou, o J. Malucelli (ex-Malutrom). Já Moro não tem muita experiência administrativa, mas entende muito de Justiça Desportiva e tem trabalhado como advogado para todos os clubes paranaenses.
O resto... bem, o resto só pode ser piada de mal gosto.

Presidente do STJD sugere intervenção na FPF

A condenação final de Onaireves no STJD, ontem à noite, foi acompanhada de um duro pronunciamento do presidente do tribunal. Ao justificar seus votos, Rubens Approbato Machado disse que a Justiça Desportiva não poderia silenciar ante à série de denúncias e desmandos na Federação Paranaense de Futebol e defendeu que a entidade paranaense tivesse as portas abertas e sua administração inteiramente revista. As informações são da Tribuna do Paraná.
Agora, os cinco vice-presidentes da FPF devem escolher, entre eles, um substituto até o final deste mandato (abril de 2008). Mas a posição de Approbato reforça a hipótese de intervenção na FPF, preparada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Neste caso, um interventor seria nomeado para gerenciar a entidade até a convocação de novas eleições.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Justiça Desportiva livra o futebol paranaense de Onaireves por 6 anos

Agora é definitivo. O pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva julgou nesta noite os recursos protocolados pelo advogado Vinicius Gasparini contra as punições impostas ao presidente licenciado da FPF, Onaireves Nilo Rolim de Moura.
Onaireves começou bem a noite. Conseguiu ser absolvido no processo 091/07 (motivado por uma charge colocada no site da FPFTV que ironizava a derrota do Rio Branco nos tribunais), cuja pena era de 60 dias de afastamento.
Mas a "virada" parou por aí. No segundo julgamento da noite, o pleno do STJD decidiu, por maioria dos votos (7 a 2), negar o recurso impetrado e manter a suspensão de 3 anos imposta a Onaireves por infração ao artigo 238 do CBJD. Além disso os auditores mantiveram a multa de R$ 1 mil dada à FPF pela infração do artigo 232 do CBJD.
No terceiro processo, de número 100/7, que julgou Moura e mais quatro pessoas ligadas à Federação por infração ao artigo 238, o placar do segundo julgamento se repetiu e por 7 votos a 2 a pena inicial imposta pela Comissão Disciplinar de três anos de suspensão para Moura, Marcos Aurélio, Laércio Polanski e Cirus Itiberê foram mantidas. Carlos Roberto de Oliveira pegou 120 dias de suspensão.

Não há mais recurso na Justiça Desportiva, mas o advogado de Onaireves, Vinicius Gasparini, já disse que estuda partir para ações na Justiça Comum - fato que pode resultar em sanções à FPF e a todos os clubes filiados.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Documentos desapareceram da Federação

A cada dia a situação da Federação Paranaense de Futebol e do presidente afastado Onaireves Nilo Rolim de Moura fica pior.
Segundo a Tribuna do Paraná de hoje, o Núcleo de Repressão contra Crimes Econômicos (Nurce), da Polícia Civil, não encontrou na sede da entidade todos os documentos que procuravam. Boa parte simplesmente “desapareceu”. Mas não foi por mágica. Segundo a reportagem, “nas últimas semanas, caixas de documentos foram retirados da sede da entidade, no Tarumã - uma prática pouco comum. O Nurce deverá apurar que fim tiveram esses papéis e os motivos do desaparecimento”.
Como diria Cid Moreira: “E agora, Mister M?”
Mandado
A polícia já havia solicitado a entrega voluntária dos documentos, mas não foi atendida - daí o pedido do mandado de busca e apreensão. O advogado da FPF, Vinícius Gasparini, alegou que o afastamento de alguns funcionários da entidade pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva atrapalhou a entrega dos documentos. Mas apenas três dirigentes da FPF foram punidos pelo STJD, enquanto a entidade, segundo seu próprio site, tem nada menos do que 36 dirigentes, entre diretores, conselheiros e presidentes de comissões, além de dezenas de funcionários. O que torna essa desculpa bastante esfarrapada.
O delegado-adjunto do Nurce, Robson Barreto, segundo a reportagem, preferiu não dar detalhes da investigação, como a possibilidade de indiciamento criminal de Moura ou outros dirigentes da FPF.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Polícia cumpre busca e apreensão na FPF

Matéria publicada na Agência Estadual de Notícias:

Polícia apreende documentos na Federação Paranaense de Futebol

O Núcleo de Repressão contra Crimes Econômicos (Nurce) cumpriu, na manhã desta segunda-feira (25), mandado de busca e apreensão na Federação Paranaense de Futebol (FPF), no bairro Tarumã, em Curitiba (foto).
Segundo o delegado-adjunto do Nurce, Robson Barreto, foram apreendidos balancetes, atas, listas de funcionários da Federação, entre outros documentos. “Investigamos a Federação desde maio. Na sexta-feira, foi expedido o mandando de busca e apreensão, que cumprimos hoje”, disse.
De acordo com o delegado, o ex-presidente da FPF Onaireves Rolim de Moura é suspeito de fraude contra credores, apropriação indébita e sonegação fiscal. A polícia suspeita que Moura instituiu a Comissão Fiscalizadora de Arrecadação, para não pagar os credores da federação. A comissão teria o objetivo de fiscalizar toda renda de público dos jogos de futebol no Paraná. Segundo a polícia, a Comissão foi criada em 1994, mas só começou a funcionar no ano passado.
Arrecadação

Barreto explicou que, em cada jogo do campeonato brasileiro, a FPF recebe 5% da arrecadação e, em cada jogo do campeonato paranaense, o órgão recebe 10% do total arrecadado. Segundo Barreto, metade desse dinheiro iria para FPF e a outra parte iria para a comissão. “No entanto toda arrecadação deveria ir direto para os credores”, contou o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, todo dinheiro das arrecadações estaria penhorado, o que impossibilitaria a divisão com a comissão.
“A suspeita é de que houve desvio de verbas nas arrecadações em todos os jogos do campeonato brasileiro deste ano que aconteceram no Paraná e em todos os jogos do campeonato paranaense”, contou Barreto. A polícia informou que os documentos apreendidos passarão por auditoria, que mostrará se foram cometidas irregularidades.

* Post atualizado às 15h25

CBF prepara intervenção na FPF

Reportagem da Tribuna do Paraná de sexta-feira:
Silenciosamente, a Confederação Brasileira de Futebol - CBF - prepara uma intervenção na Federação Paranaense de Futebol. Confirmada a suspensão do presidente licenciado da entidade, Onaireves Moura, a entidade gerenciadora do futebol brasileiro nomeará um diretor-tampão para coordenar a transição para o próximo mandatário.
Na CBF, ninguém fala oficialmente antes da sentença definitiva do caso Moura. O recurso do julgamento da 3.ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) será julgado na próxima quarta-feira. A primeira suspensão, de seis anos e dois meses, pode até aumentar na semana que vem.
Mas, a pedido do presidente Ricardo Teixeira, o departamento jurídico da CBF estuda uma forma de temporariamente ditar as regras na Federação Paranaense. Uma suspensão por tão longo tempo é inédita entre presidentes de federações, o que exige a avaliação da forma adequada de intervir administrativamente na entidade paranaense. Apesar de poder suspender ou até eliminar um dirigente, o STJD não tem meios legais de determinar uma intervenção.
A intenção da CBF é evitar que Moura mantenha algum poder através de ordens dadas a seus vice-presidentes, como ocorre atualmente. O estatuto da FPF manda que, em caso de afastamento do presidente, os vices decidam entre eles quem concluirá o mandato. O interventor teria a função de “ajeitar a casa” até o final da atual gestão de Moura, em abril de 2008, quando seriam convocadas novas eleições.
O interesse de Teixeira pela situação da FPF tem relação com a Copa do Mundo de 2014. O presidente da CBF pretende incluir Curitiba entre as subsedes do Mundial, mas quer um aliado à frente da FPF para não atrapalhar a preparação para o evento.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Só os avestruzes dão alegrias a Onaireves

Trecho da coluna de Augusto Mafuz, hoje, na Tribuna:
Onaireves Moura continua inconsolável pela perda do mandato da presidência da Federação Paranaense de Futebol.
O mais grave é que acredita nos fantasmas que ele próprio criou. Por isso não tem mais residência fixa.
Quando está em Curitiba, não dorme duas noites no mesmo hotel. Apesar dos traumas tem esperança de reverter a suspensão no recurso do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
E não perde a pose. Está de carro novo, comprado e com dinheiro. Muito dinheiro, aliás, depois da espetacular venda de carne de avestruz que o seu frigorífico, em Santa Catarina, fez para uma rede de supermercados de Curitiba.
E aos amigos, ri, e copiando Ibrahim Sued, diz: “A vida sem o supérfluo não vale nada”.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Campeonato Paranaense que se preze é assim: vai para o tapetão mesmo antes de começar

Se o Campeonato Paranaense de 2007 enfrentou diversos problemas com a justiça desportiva antes mesmo de começar, o de 2008 está batendo um recorde mundial de incompetência: sete meses antes de seu início, a competição já está sendo questionada no "tapetão".
Para quem não lembra, no ano passado uma pendenga entre Toledo e Engenheiro Beltrão para assumir a vaga do desistente União Bandeirante na primeira divisão foi parar nos tribunais e quase atrasou o início do campeonato. A FPF insistia em convidar o Toledo, que havia sido rebaixado no ano anterior, enquanto o STDJ entendeu que o Beltrão, quarto colocado na divisão de acesso em 2006, teria direito à vaga (para relembrar o caso, clique aqui). Com isso, a Federação divulgou uma nova tabela a apenas 12 dias da primeira rodada. Mas não foi só: antes de terminar a primeira fase, uma verdadeira guerra nos tribunais voltou a ameaçar a competição. Teve de tudo: desde vitória por WO a time que disputou duas partidas em menos de 48 horas. Uma lambança em cima da outra.
Já para 2008, o problema deu-se devido a mudanças no regulamento da competição que não poderiam ter sido feitas. Amparados no Estatuto do Torcedor, Atlético e Engenheiro Beltrão protocolaram no Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) um mandado de segurança contra o arbitral que definiu a fórmula de disputa do Paranaense.
O arbitral realizado no dia 29 de maio decidiu pela alteração do sistema de disputa empregado neste ano, mas o Estatuto do Torcedor proíbe a mudança do regulamento da competição antes de dois anos de vigência do mesmo, a menos que haja a aprovação para tanto no ano anterior do Conselho Nacional do Esporte - o que não aconteceu. Em vez de repetir o sistema utilizado neste ano (mais longo, em quatro fases), foi estabelecido que o regional do ano que vem seria disputado em apenas duas etapas, a primeira com todos jogando entre si em turno único e a segunda com os oito melhores classificados também em turno único.
Segundo disse o presidente do Engenheiro Beltrão, Luiz Linhares, à Gazeta do Povo, a nova rixa no tapetão não foi iniciada por falta de aviso. “Alertei sobre o problema do Estatuto no arbitral, mas fui ignorado”, disse o dirigente, que foi voto vencido na reunião. Já o Atlético não participou do arbitral. De acordo com Linhares, outros clubes que divergiram da maioria foram contatados, mas no final apenas o Engenheiro e o Atlético toparam levar o caso aos tribunais.
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Depois os clubes não sabem porque as redes de TV oferecem ninharias pela transmissão do "excepcional" Campeonato Paranaense. E ainda jogam a culpa sobre as emissoras. Se alguém tem culpa, são os próprios clubes e a FPF. Primeiro, por criar campeonatos mirabolantes que pouco atraem a atenção do público. Segundo, por aceitar as migalhas oferecidas pela mídia, ano após ano. Quem abre as pernas uma vez, vai abrir sempre. Então, que se contentem com as migalhas.